Sobre

Minha prática como artista visual nasce do desejo de escutar o que quase ninguém ouve: memórias abafadas, presenças apagadas, corpos que vivem entre o aparecer e o desaparecer.

Durante muitos anos, experimentei a ambiguidade de existir sendo visto demais e, ao mesmo tempo, nunca realmente percebido. Ser uma pessoa queer, racializada e migrante me ensinou a viver à margem — mas também a ver com outros olhos. A arte, para mim, tornou-se um modo de sobreviver ao apagamento e de construir presença mesmo no silêncio.

Trabalho com autorretrato, luz, sombra, fragmento e cor. Minha linguagem transita entre o figurativo e o abstrato, entre o real e o que vibra no invisível. A imagem, nesse contexto, não é uma afirmação plena — é um vestígio. Um rastro do que poderia ter sido esquecido, mas que insiste em permanecer.

Meus projetos buscam formas visuais para aquilo que ainda pulsa: pequenos rituais de escuta, cuidado e afirmação sutil. Não me interessa gritar — interessa-me fazer com que o espectador pare. Escute. Sinta. Reconheça.

A pesquisa que sustenta meu trabalho investiga as poéticas da presença em meio à ameaça do apagamento. Examino como a imagem pode operar como espaço de memória e reparação simbólica — um gesto delicado que reconhece a beleza do que o mundo costuma passar por cima.

O que proponho é uma arte que sobrevive — e que convida o outro a sentir também sua própria margem, sua própria ausência, sua própria luz.

Exposições, palestras e entrevistas

  • 2025 | ‘Olhar para si' - Casa Oxente, Lisboa, Portugal
  • 2024 | Revista F-Stop, edição nº 126 (Telling Stories)
  • 2024 | “Session 3 – Carte Blanche”, Galeria Azur, Berlim
  • 2024 | ARTICULATE Magazine
  • 2024 | JAAMZIN Creative